Distúrbios do crescimento e da diferenciação celular
Tipos de células:
· Lábeis: elevado índice mitótico, dividindo-se continuamente durante toda vida do individuo para substituir células destruídas fisiologicamente.
o EX: células epiteliais, células hematopoiéticas.
· Estáveis: Baixo índice mitótico, sendo capazes de proliferar quando estimuladas.
o EX: células hepáticas.
· Perenes: Não se dividem mais após o nascimento.
o EX: células neuronais.
Ciclos celulares controlado por CDK e Ciclinas se ligam a CDK controlando assim a taxa de fosforilação de proteínas responsáveis por inúmeros fenômenos que ocorrem durante a divisão das células como replicação do DNA, formação do fuso mitótico etc.
Regulação do Crescimento Celular
Fatores de crescimento (FC) que podem atuar pelos seguintes mecanismos:
o Autócrino: uma mesma célula produz e responde ao Fc.
o Parócrino: uma célula recebe ação do Fc produzido por células vizinhas.
o Endócrino: Fc secretado por uma célula age em células distantes.
Classificação e nomenclatura
Distúrbios nos sistemas regulatórios resultam em alterações do crescimento ou diferenciação celular ou dos dois.
Alterações do volume celular: Quando uma célula sofre estimulo excessivo, aumenta a síntese de seus constituintes básicos, aumentando seu volume.
É um processo de adaptação dos tecidos as condições de trabalho. Este fenômeno é chamado de hipertrofia. Quando a agressão provoca redução de volume chama-se hipotrofia.
Alterações da taxa de divisão celular: O aumento da taxa de divisão celular com diferenciação normal recebe nome de hiperplasia. O contrario e hipoplasia. O termo aplasia é muito usado como sinônimo de hipoplasia o que não é correto. Ex: anemia aplástica, a hiperplasia só ocorre em órgãos com células lábeis ou estáveis e o órgão aumenta em peso e
Alterações da diferenciação celular: Quando as células de um tecido modificam seu estado de diferenciação normal, tem-se a metaplasia.
EX: transformação do epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; metaplasia do tecido conjuntivo para tecido cartilaginoso ósseo, metaplasia brônquica etc.
Alterações do crescimento e da diferenciação: Se há proliferação celular e redução ou ausências de diferenciação têm a displasia. A proliferação celular autônoma, geralmente acompanhada de perda de diferenciação é chamada de neoplasia.
Obs.: A hiperplasia necessita das mesmas condições exigidas pela hipertrofia podendo ser fisiológicas ou patológicas:
Fisiológicas:
a) Compensadora: nefrectomia
b) Secundárias: Estímulo hormonal no útero durante gravidez.
Patológicas:
a) Secundárias a estimulação hormonal, hiperfunção da hipófise, aumento da mama e endométrio.
Outros Distúrbios
Agenesia: Anomalia congênita na qual um órgão ou parte dele não se forma. Ex: agenesia renal.
Distrofia: É empregada para designar varias doenças degenerativas sistêmicas, genéticas ou não.
Ectopia: É a presença de tecido normal em local anormal. Ex: parênquima pancreático no estômago.
Anaplasia: É uma modificação regressiva das células adultas que adquirem tipos celulares mais primitivos. É irreversível e toda célula cancerosa é também anaplásica.
São modificadas tanto no tamanho quanto na forma. São heterogêneas e pleomorfas na maioria das vezes maiores que o normal, mas algumas podem ser menores. Os núcleos por células caracterizando a célula gigante tumoral.
Displasia: É uma alteração das células adultas, caracterizada pela variação do seu tamanho, forma e organização. É um termo muito confuso, pois muitas vezes é utilizado para denominar condições patológicas diferentes. É reversível podendo ser precursora do câncer. As displasias mais importantes são as de colo do útero, brônquios e gástricos, pois muitas fezes evoluem para o câncer. As células apresentam atipias importantes e alterações de DNA.
Esse termo é empregado também para indicar outros processos patológicos cuja posição patogenética é variada e poço conhecida. Ex: displasia renal e displasia óssea.
Transtornos do crescimento e da diferenciação celular e Tumores
Neoplasias
Nos organismos multicelulares a taxa de proliferação de cada tipo celular é controlada com precisão por um sistema integrado que permite a replicação apenas nos limites que mantêm a população normal em níveis homeostáticos. Nos tecidos e órgãos há divisão celular continua para restaurar perdas decorrentes de processos de envelhecimento das células.
Alguns conceitos úteis:
Neoplasias: São proliferações anormais de células que tem crescimento autônomo e tendem a perder a diferenciação. É um novo crescimento celular e a massa formada constitui a neoplasma. Esse tem um crescimento autônomo e sem finalidade. Comporta-se como um parasita.
Tumor: Aumento de volume numa determinada região, não necessariamente uma neoplasma. Ex: edema.
Câncer: Tumor que emite prolongamentos semelhantes a patas de um caranguejo. É um termo exclusivo de tumores malignos.
Os tumores podem ainda serem malignos ou benignos:
Malignos: espalha-se pelo corpo, cresce rápido, recidiva freqüente levando a morte com freqüência.
Benignos: Significa que não vai se espalhar pelo organismo tem crescimento lento e uma vez retirado não recidiva. Raramente mata.
Nomenclatura e classificação
Na prática as neoplasias são chamadas de tumores.
O termo tumor foi utilizado pela primeira vez por Galeno para indicar um tumor maligno da mama no quais veias desse órgão eram túrgidas e ramificadas lembrando patas de caranguejo. O termo generalizou e hoje é utilizado para neoplasia maligna.
Cancerologia/Oncologia/Cancerígeno/Ontogênico
Importância da uniformização da nomenclatura.
Critério mais utilizado: Histomorfológico. Nesse sentido o conhecimento de algumas regras é importante:
1) Sufixo OMA é utilizado para designar neoplasia benigna ou maligna.
2) A palavra CARCINOMA indica tumor maligno que reproduz epitélio de revestimento.
3) SARCOMA é neoplasia é neoplasia maligna mesenquimal.
4) Blastoma pode ser usado como sinônimo de neoplasia e quando usada como sufixo indica que o tumor reproduz estruturas com características embrionárias (nefroblastoma, neuroblastoma).
Regra Geral:
Benignos:
Há tumores em 2 tipos de tecidos:
Mesenquimas:
Prefixo= célula de origem
Sufixo=Oma Ex.: Osteoma, fibroma.
Epitelial:
De revestimento, não padrão especifico de denominação.
Recebem o nome de papiloma ou pólipo.
Granular:
Adenoma (glândulas salivares, sudoríparas) etc.
Malignos:
Mesenquimal:
· Prefixo=célula de origem; +sarcoma Ex: Osteosarcoma.
Epitelial:
· RevestimentoàCarcinoma espinocelular = prognostico ruim
· Basocelular = prognostico Bom.
Granular:
Adenocarcinoma (gandulas salivar, sudorípara etc.)
Quando se tem mais de um tipo celular em proliferação são ditos mistos.
Exceções: Hepatoma, linfoma, melanoma.
Neoplasias benignas
Apesar de em geral não apresentarem grandes problemas para seus portadores, os tumores benignos tem grande interesse prático por sua freqüência e pelas conseqüências que podem gerar, seja por seu volume, por sua localização ou por outras propriedades.
Desta maneira, há vários transtornos relacionados a tumores benignos:
Obstrução de órgãos e estruturas ocas, compreensão de órgãos, produção de substância em maior quantidade.
Nesse sentido o termo benigno deve ser entendido com reservas.
As células benignas são bem diferenciadas e muitas vezes são indistinguíveis das células normais correspondentes. As atipías celulares e arquiteturais são discretas, ou seja, o tecido reproduz bem o tecido que lhe deu origem e a taxa de divisão é pequena e o tumor cresce lento.
As células crescem unidas entre si, não infiltram nos tecidos vizinhos formando uma massa esférica que geralmente comprimem estruturas vizinhas causando-lhes HIPOTROFIA. Com freqüência há formação de uma cápsula fibrosa ao redor do tumor, ficando a neoplasia delimitada, o que facilita a remoção cirúrgica.
O crescimento lento do tumor permite o desenvolvimento adequado de vasos sanguíneos assegurando-lhe uma boa nutrição celular, sendo pouco comuns as degenerações, necroses, e hemorragias. Não prejudicam a nutrição do individuo, não provocam caquexia e anemia. Há exceções às regras.
Apesar de bem delimitados, adenoma pleomórficos de glândulas salivares tem índice de recidiva considerável.
Neoplasias Malignas
Aspectos Morfológicos: podem ser císticos ou sólidos. Podem apresentar-se sob 4 tipos, cujo conhecimento é útil para o diagnóstico.
a) INFILTRATIVO: praticamente exclusivo de tumores malignos. Ocorre infiltração maciça sem formar nódulos.
b) VEGETANTE: encontrados em tumores benignos e malignos que crescem
c) NODULAR: o tumor forma uma massa expansiva que tende a ser esférica. É característico de tumores benignos ou maligno sem órgãos compactos.
d) ULCERADO: aquele que sofre ulceração precoce, quase sempre maligno. A lesão cresce em tecidos adjacentes e ulcera-se no centro formando uma cratera com bordos endurecidos, elevados e irregulares.
Os tumores são formados de 2 componentes básicos:
o As células neoplásicas e o estroma conjuntivo-vascular. No início só existem células.
o Os tumores não têm inervação. A dor sentida é devido a compressão ou infiltração em terminações nervosas existentes nos tecidos vizinhos.
Características e Propriedades das Células Neoplásicas
a) Características Bioquímicas: possuem a mesma bioquímica das células normais com metabolismo diferente.
1) O conjunto enzimático é mais pobre, pois se trata de uma célula mais simples.
2) O pH é mais baixo, maior quantidade de ácido lático, menor quantidade de glicose.
3) Tem grande aptidão para captar aminoácidos e sintetizar proteínas exercendo ação espoliadora do organismo.
b) Adesividade: tem maior adesão devido a diversos fatores:
a) Modificações e irregularidade da membrana plasmática;
b) Diminuição ou ausência de estruturas juncionais;
c) Diminuição da fibronectina;
d) Grande eletronegatividade na face externa da membrana plasmática, aumentando a repulsão entre as células;
e) Diminuição dos íons cálcio;
f) Liberação de enzimas proteolíticas que alteram o glicocálise;
g) Irregularidades nas microvilosidades que diminuem o contato entre as células;
h) Aumento do ácido siálico nas proteínas da membrana plasmática que diminuem a adesividade das células ao colágeno e á fibronectina.
c) Motilidade: células malignas têm motilidade considerável devido à menor adesividade, perda da inibição pelo contato e modificações no cito esqueleto.
d) Funções Celulares: por causa da perda diferenciação celular as células neoplásicas tendem a perder suas funções específicas. Podemos ter tumores anaplásicos, os quais perdem totalmente as propriedades morfofuncionais. Alguns tumores merecem comentários: Adenomas ou carcinomas da carcinomas da córtex supra-renal podem produzir hormônios esteróides podendo gerar hipercorticalismo. Células neoplásicas podem adquirir funções novas inexistente em células normais. O mais importante neste caso são células não endócrinas que passam a ter estas funções quando neoplásicas.
Ex.: produção de paratormônio, ACTH, eritropoetina causando Síndromes Para neoplásicas.
Comportamento das Células Neoplásicas
a) Imortalidade: telômeros TTAGGG – telomerase
b) Perda da Inibição por Contato: inibição Dependente da densidade
c) Alterações da forma: aderência/normais/anormais.
d) Diminuição da Necessidade de soro:
e) Independência de Ancoragem:
Propagação e Disseminação das Neoplasias
Invasão Local:
Fator Autócrino de motilidade foi isolado de células neoplásicas e estimula a movimentação das mesmas.
Caderina E à Adesividade.
Infiltração em artérias e veias- colágenas
Lamininaà membrana basal (colágeno, laminina, heparan sulfato): tratamento do câncer por inibidores de laminina, redução das metástases.
Metástases:
Granulações metástases = mudança de lugar, transferência.
E a formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade entre as duas, (dinâmica).
Só se formam em tumores malignos sendo ela a marca mais fiel de malignidade. É um sinal de mal prognostico é o câncer incurável.
Angiogênese:
Formação de novos vasos a partir de brotamentos de vasos já existentes nos tecidos adjacentes. Quanto maior a vascularização maior a metástase.
A neoformação vascular é controlada pela ação dos fatores angiogênicos tumorais.
Os principais são:
Fatores angiogênicos tumorais (FGT) Básico: Quimiotático, mitogênico para células endoteliais indutores enzimáticos de hidrolases favorecendo a penetração de brotamentos no sistema.
Fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF): Mitogênico para células endoteliais produzindo por hipóxia, deficiência de glicose, estrógenos e Citocinas.
Interleucina (IL-8): Induz proliferação, migração e invasão das células endoteliais.
Fatores antiangiogênicos: Trombospondina, Angiostatina.