segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Patologia clinica 1 apostila 2


Distúrbios do crescimento e da diferenciação celular

Tipos de células:

· Lábeis: elevado índice mitótico, dividindo-se continuamente durante toda vida do individuo para substituir células destruídas fisiologicamente.

o EX: células epiteliais, células hematopoiéticas.

· Estáveis: Baixo índice mitótico, sendo capazes de proliferar quando estimuladas.

o EX: células hepáticas.

· Perenes: Não se dividem mais após o nascimento.

o EX: células neuronais.

Ciclos celulares controlado por CDK e Ciclinas se ligam a CDK controlando assim a taxa de fosforilação de proteínas responsáveis por inúmeros fenômenos que ocorrem durante a divisão das células como replicação do DNA, formação do fuso mitótico etc.

Regulação do Crescimento Celular

Fatores de crescimento (FC) que podem atuar pelos seguintes mecanismos:

o Autócrino: uma mesma célula produz e responde ao Fc.

o Parócrino: uma célula recebe ação do Fc produzido por células vizinhas.

o Endócrino: Fc secretado por uma célula age em células distantes.

Classificação e nomenclatura

Distúrbios nos sistemas regulatórios resultam em alterações do crescimento ou diferenciação celular ou dos dois.

Alterações do volume celular: Quando uma célula sofre estimulo excessivo, aumenta a síntese de seus constituintes básicos, aumentando seu volume.

É um processo de adaptação dos tecidos as condições de trabalho. Este fenômeno é chamado de hipertrofia. Quando a agressão provoca redução de volume chama-se hipotrofia.

Alterações da taxa de divisão celular: O aumento da taxa de divisão celular com diferenciação normal recebe nome de hiperplasia. O contrario e hipoplasia. O termo aplasia é muito usado como sinônimo de hipoplasia o que não é correto. Ex: anemia aplástica, a hiperplasia só ocorre em órgãos com células lábeis ou estáveis e o órgão aumenta em peso e em volume. Na hipoplasia temos a diminuição da população celular e diminuição do volume do órgão.

Alterações da diferenciação celular: Quando as células de um tecido modificam seu estado de diferenciação normal, tem-se a metaplasia.

EX: transformação do epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado; metaplasia do tecido conjuntivo para tecido cartilaginoso ósseo, metaplasia brônquica etc.

Alterações do crescimento e da diferenciação: Se há proliferação celular e redução ou ausências de diferenciação têm a displasia. A proliferação celular autônoma, geralmente acompanhada de perda de diferenciação é chamada de neoplasia.

Obs.: A hiperplasia necessita das mesmas condições exigidas pela hipertrofia podendo ser fisiológicas ou patológicas:

Fisiológicas:

a) Compensadora: nefrectomia

b) Secundárias: Estímulo hormonal no útero durante gravidez.

Patológicas:

a) Secundárias a estimulação hormonal, hiperfunção da hipófise, aumento da mama e endométrio.

Outros Distúrbios

Agenesia: Anomalia congênita na qual um órgão ou parte dele não se forma. Ex: agenesia renal.

Distrofia: É empregada para designar varias doenças degenerativas sistêmicas, genéticas ou não.

Ectopia: É a presença de tecido normal em local anormal. Ex: parênquima pancreático no estômago.

Anaplasia: É uma modificação regressiva das células adultas que adquirem tipos celulares mais primitivos. É irreversível e toda célula cancerosa é também anaplásica.

São modificadas tanto no tamanho quanto na forma. São heterogêneas e pleomorfas na maioria das vezes maiores que o normal, mas algumas podem ser menores. Os núcleos por células caracterizando a célula gigante tumoral.

Displasia: É uma alteração das células adultas, caracterizada pela variação do seu tamanho, forma e organização. É um termo muito confuso, pois muitas vezes é utilizado para denominar condições patológicas diferentes. É reversível podendo ser precursora do câncer. As displasias mais importantes são as de colo do útero, brônquios e gástricos, pois muitas fezes evoluem para o câncer. As células apresentam atipias importantes e alterações de DNA.

Esse termo é empregado também para indicar outros processos patológicos cuja posição patogenética é variada e poço conhecida. Ex: displasia renal e displasia óssea.

Transtornos do crescimento e da diferenciação celular e Tumores

Neoplasias

Nos organismos multicelulares a taxa de proliferação de cada tipo celular é controlada com precisão por um sistema integrado que permite a replicação apenas nos limites que mantêm a população normal em níveis homeostáticos. Nos tecidos e órgãos há divisão celular continua para restaurar perdas decorrentes de processos de envelhecimento das células.

Alguns conceitos úteis:

Neoplasias: São proliferações anormais de células que tem crescimento autônomo e tendem a perder a diferenciação. É um novo crescimento celular e a massa formada constitui a neoplasma. Esse tem um crescimento autônomo e sem finalidade. Comporta-se como um parasita.

Tumor: Aumento de volume numa determinada região, não necessariamente uma neoplasma. Ex: edema.

Câncer: Tumor que emite prolongamentos semelhantes a patas de um caranguejo. É um termo exclusivo de tumores malignos.

Os tumores podem ainda serem malignos ou benignos:

Malignos: espalha-se pelo corpo, cresce rápido, recidiva freqüente levando a morte com freqüência.

Benignos: Significa que não vai se espalhar pelo organismo tem crescimento lento e uma vez retirado não recidiva. Raramente mata.

Nomenclatura e classificação

Na prática as neoplasias são chamadas de tumores.

O termo tumor foi utilizado pela primeira vez por Galeno para indicar um tumor maligno da mama no quais veias desse órgão eram túrgidas e ramificadas lembrando patas de caranguejo. O termo generalizou e hoje é utilizado para neoplasia maligna.

Cancerologia/Oncologia/Cancerígeno/Ontogênico

Importância da uniformização da nomenclatura.

Critério mais utilizado: Histomorfológico. Nesse sentido o conhecimento de algumas regras é importante:

1) Sufixo OMA é utilizado para designar neoplasia benigna ou maligna.

2) A palavra CARCINOMA indica tumor maligno que reproduz epitélio de revestimento.

3) SARCOMA é neoplasia é neoplasia maligna mesenquimal.

4) Blastoma pode ser usado como sinônimo de neoplasia e quando usada como sufixo indica que o tumor reproduz estruturas com características embrionárias (nefroblastoma, neuroblastoma).

Regra Geral:

Benignos:

Há tumores em 2 tipos de tecidos:

Mesenquimas:

Prefixo= célula de origem

Sufixo=Oma Ex.: Osteoma, fibroma.

Epitelial:

De revestimento, não padrão especifico de denominação.

Recebem o nome de papiloma ou pólipo.

Granular:

Adenoma (glândulas salivares, sudoríparas) etc.

Malignos:

Mesenquimal:

· Prefixo=célula de origem; +sarcoma Ex: Osteosarcoma.

Epitelial:

· RevestimentoàCarcinoma espinocelular = prognostico ruim

· Basocelular = prognostico Bom.

Granular:

Adenocarcinoma (gandulas salivar, sudorípara etc.)

Quando se tem mais de um tipo celular em proliferação são ditos mistos.

Exceções: Hepatoma, linfoma, melanoma.

Neoplasias benignas

Apesar de em geral não apresentarem grandes problemas para seus portadores, os tumores benignos tem grande interesse prático por sua freqüência e pelas conseqüências que podem gerar, seja por seu volume, por sua localização ou por outras propriedades.

Desta maneira, há vários transtornos relacionados a tumores benignos:

Obstrução de órgãos e estruturas ocas, compreensão de órgãos, produção de substância em maior quantidade.

Nesse sentido o termo benigno deve ser entendido com reservas.

As células benignas são bem diferenciadas e muitas vezes são indistinguíveis das células normais correspondentes. As atipías celulares e arquiteturais são discretas, ou seja, o tecido reproduz bem o tecido que lhe deu origem e a taxa de divisão é pequena e o tumor cresce lento.

As células crescem unidas entre si, não infiltram nos tecidos vizinhos formando uma massa esférica que geralmente comprimem estruturas vizinhas causando-lhes HIPOTROFIA. Com freqüência há formação de uma cápsula fibrosa ao redor do tumor, ficando a neoplasia delimitada, o que facilita a remoção cirúrgica.

O crescimento lento do tumor permite o desenvolvimento adequado de vasos sanguíneos assegurando-lhe uma boa nutrição celular, sendo pouco comuns as degenerações, necroses, e hemorragias. Não prejudicam a nutrição do individuo, não provocam caquexia e anemia. Há exceções às regras.

Apesar de bem delimitados, adenoma pleomórficos de glândulas salivares tem índice de recidiva considerável.

Neoplasias Malignas

Aspectos Morfológicos: podem ser císticos ou sólidos. Podem apresentar-se sob 4 tipos, cujo conhecimento é útil para o diagnóstico.

a) INFILTRATIVO: praticamente exclusivo de tumores malignos. Ocorre infiltração maciça sem formar nódulos.

b) VEGETANTE: encontrados em tumores benignos e malignos que crescem em superfície. Podem assumir vários tipos: poliposo, papilomatoso ou em couve-flor.

c) NODULAR: o tumor forma uma massa expansiva que tende a ser esférica. É característico de tumores benignos ou maligno sem órgãos compactos.

d) ULCERADO: aquele que sofre ulceração precoce, quase sempre maligno. A lesão cresce em tecidos adjacentes e ulcera-se no centro formando uma cratera com bordos endurecidos, elevados e irregulares.

Os tumores são formados de 2 componentes básicos:

o As células neoplásicas e o estroma conjuntivo-vascular. No início só existem células.

o Os tumores não têm inervação. A dor sentida é devido a compressão ou infiltração em terminações nervosas existentes nos tecidos vizinhos.

Características e Propriedades das Células Neoplásicas

a) Características Bioquímicas: possuem a mesma bioquímica das células normais com metabolismo diferente.

1) O conjunto enzimático é mais pobre, pois se trata de uma célula mais simples.

2) O pH é mais baixo, maior quantidade de ácido lático, menor quantidade de glicose.

3) Tem grande aptidão para captar aminoácidos e sintetizar proteínas exercendo ação espoliadora do organismo.

b) Adesividade: tem maior adesão devido a diversos fatores:

a) Modificações e irregularidade da membrana plasmática;

b) Diminuição ou ausência de estruturas juncionais;

c) Diminuição da fibronectina;

d) Grande eletronegatividade na face externa da membrana plasmática, aumentando a repulsão entre as células;

e) Diminuição dos íons cálcio;

f) Liberação de enzimas proteolíticas que alteram o glicocálise;

g) Irregularidades nas microvilosidades que diminuem o contato entre as células;

h) Aumento do ácido siálico nas proteínas da membrana plasmática que diminuem a adesividade das células ao colágeno e á fibronectina.

c) Motilidade: células malignas têm motilidade considerável devido à menor adesividade, perda da inibição pelo contato e modificações no cito esqueleto.

d) Funções Celulares: por causa da perda diferenciação celular as células neoplásicas tendem a perder suas funções específicas. Podemos ter tumores anaplásicos, os quais perdem totalmente as propriedades morfofuncionais. Alguns tumores merecem comentários: Adenomas ou carcinomas da carcinomas da córtex supra-renal podem produzir hormônios esteróides podendo gerar hipercorticalismo. Células neoplásicas podem adquirir funções novas inexistente em células normais. O mais importante neste caso são células não endócrinas que passam a ter estas funções quando neoplásicas.

Ex.: produção de paratormônio, ACTH, eritropoetina causando Síndromes Para neoplásicas.

Comportamento das Células Neoplásicas

a) Imortalidade: telômeros TTAGGG – telomerase

b) Perda da Inibição por Contato: inibição Dependente da densidade

c) Alterações da forma: aderência/normais/anormais.

d) Diminuição da Necessidade de soro:

e) Independência de Ancoragem:

Propagação e Disseminação das Neoplasias

Invasão Local:

Fator Autócrino de motilidade foi isolado de células neoplásicas e estimula a movimentação das mesmas.

Caderina E à Adesividade.

Infiltração em artérias e veias- colágenas

Lamininaà membrana basal (colágeno, laminina, heparan sulfato): tratamento do câncer por inibidores de laminina, redução das metástases.

Metástases:

Granulações metástases = mudança de lugar, transferência.

E a formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade entre as duas, (dinâmica).

Só se formam em tumores malignos sendo ela a marca mais fiel de malignidade. É um sinal de mal prognostico é o câncer incurável.

Angiogênese:

Formação de novos vasos a partir de brotamentos de vasos já existentes nos tecidos adjacentes. Quanto maior a vascularização maior a metástase.

A neoformação vascular é controlada pela ação dos fatores angiogênicos tumorais.

Os principais são:

Fatores angiogênicos tumorais (FGT) Básico: Quimiotático, mitogênico para células endoteliais indutores enzimáticos de hidrolases favorecendo a penetração de brotamentos no sistema.

Fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF): Mitogênico para células endoteliais produzindo por hipóxia, deficiência de glicose, estrógenos e Citocinas.

Interleucina (IL-8): Induz proliferação, migração e invasão das células endoteliais.

Fatores antiangiogênicos: Trombospondina, Angiostatina.

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